18 de mar. de 2015

Sobre o beijo da novela, minha vó e família tradicional do comercial de margarina

Em meio a toda essa situação do beijo (beijo é beijo, não tem esse negócio de "beijo lésbico", "beijo gay") da novela, gostaria de citar um fato que aconteceu esses dias comigo.
Estava em casa, quando o telefone tocou. Era minha vó e durante a conversa esbarramos com o assunto da minha sexualidade. Minha vó ficou por praticamente 1 minuto e meio, pensando qual palavra deveria se referir a minha sexualidade e no fim, ela simplesmente disse "opinião". Logo após me pediu desculpas, pois não sabia o termo correto.
Minha vó só estudou até o 5º ano do Ensino Fundamental e por mais que ela tenha falado o termo errado, pois nem tem orientação necessária a isso, pediu desculpas e disse que falaria do jeito certo dali em diante.

Indo pra situação da novela, a quantidade de comentários preconceituoso e violentos na Internet sobre o assunto foi enorme, preocupante. Pessoas que tem muito mais estudo e "esclarecimento" que minha vó (muito mais jovens também) e se mostraram verdadeiros seres irracionais. Ninguém parou um minuto, pra pensar no que estava falando, nas consequências.
Por que ninguém simplesmente desliga a TV ao invés de sentar numa confortável cadeira e proferir violências por toda parte na internet? Em que parte, um simples beijo agride a família brasileira se praticamente 24 horas por dia se tem notícias de violência, sangue escorrendo pela TV? Isso não incomoda?
Nunca vi ninguém pedindo pra tirar aqueles programas do Datena e sei lá mais quem do ar, porque mostra o "fim da família tradicional" por meio da violência.
Não me interessa, se faço parte da família tradicional do comercial de margarina, o que me interessa é que no final daquela ligação minha vó me disse "Eu te amo" e eu pude dizer "Eu também te amo".
Família é isso. Amar é isso, sem mais.

7 de jan. de 2015

Homofobia: o que eu senti

Bem, irei copiar algo que postei no meu Facebook esses dias sobre um recente acontecimento que me marcou de certa forma.
"Bem, não iria comentar sobre o assunto, mas preciso. Na verdade, eu precisei de um bom tempo para digerir tudo que aconteceu.
Durante a virada do ano em Costa Azul, no show da cantora Vanessa Jackson, eu e meus amigos (3 pessoas, incluindo um casal de namorados) fomos abordados por um homem que pediu que nos retirássemos do local para "não arranjarmos treta". O homem parecia estar com alguma coisa no bolso que não sabíamos o que era e por segurança nos retiramos. Eu, como não aguento, mandei ele tomar naquele lugar. O que fizemos de errado? Essa é a pergunta...
O casal de namorados, apenas dava selinhos. Em volta, haviam casais héteros praticamente engolindo um ao outro. Apenas eles incomodaram.
E existiam outros gays em volta, inclusive, alguns subiram no palco para dançar com a Vanessa, mas nós fomos os escolhidos.
Saímos do local, ficamos extremamente abalados, eu não consegui dormir aquela noite com a imagem se repetindo em minha mente e pensando no que poderia ter acontecido.
E então vem mais uma pergunta que talvez todos que estão lendo até agora devem estar se fazendo: "Por que vocês não procuraram a polícia?"
A resposta é simples: Porque o policial não iria fazer nada. Fomos "expulsos" na frente do palco a poucos metros de seguranças do evento e se fossemos procurar um policial ele não poderia fazer nada, pelo simples fato de não haver nada legalmente que nos proteja desse tipo de ataque.
O que dói mais é que o rapaz que fez isso era negro, alguém que sabe o quanto dói, o quanto é duro sofrer preconceito.
O que sentimos no momento? Medo, impotência e eu, sinceramente, me senti um lixo, algo que pode ser "varrido" de um local público.
A todos que dizem que não é preciso uma lei para conter a homofobia, digo: NÃO SÃO VOCÊS QUE PASSAM POR ISSO
Nenhum hétero branco rico cristão tem que andar na rua com medo de ser atacado a qualquer momento, que ficar ouvindo gracinhas de pedreiros em obras te chamando das piores coisas possíveis e até mesmo bradando que a "morte é o que vocês merecem", entre outras coisas.
Não vou parar de lutar pelos direitos dos homossexuais, negros etc. (pelo ser humano). E acho que toda essa situação só me fez ver que o ser humano tem muito a evoluir, muito a aprender e, principalmente, saber cuidar da sua vida."


Acho que nesse depoimento resumi muito o que senti naquela situação que para mim e todos os meus amigos foi inesperada. Só posso dizer uma coisa: CHEGA DE HOMOFOBIA!